segunda-feira, 9 de maio de 2011

as difíceis escolhas de Louçã



"Troika" é uma palavra pesada para a esquerda... Até porque é capaz de fazer lembrar a famosa "Perestroika" de Gorbachev, que contribuiu em grande parte para o desfecho do último capítulo do comunismo na antiga URSS.

No entanto, as expressões nada têm que ver uma com a outra: "Troika" significa "carro puxado por três cavalos", enquanto que a tradução literal de "Perestroika" seria "reconstrução". E aliás, não é das nuances da língua russa que vos quero falar hoje, mas sim das possíveis nuances no caminho do Bloco de Esquerda.

É que ser bloquista tem sido, até hoje, fazer oposição, umas vezes melhor, outra vezes pior. Bater em todos governos a torto e a direito, defender causas fáceis (aborto, drogas, tirar aos ricos para dar aos pobres, casamento entre homossexuais, luta contra o desemprego...). Só que agora vem aí o perigo da direita... Mas estará o Bloco preparado para entrar numa coligação de governo?

Ou poderemos colocar a questão de uma outra maneira: conseguiria alguma vez o Bloco (com uma ideologia extremamente estatizante) combater o défice? Estaria o Bloco disponível para integrar um governo que teria de fazer cortes em tudo o que é despesa do Estado? E o que diriam os seus militantes e apoiantes se o Bloco estivesse presente num governo que seria obrigado a cumprir as orientações da "troika", baseadas num mercado aberto, de livre-concorrência e que favorece a iniciativa privada?

Louçã e companhia deparam-se com um enorme dilema: de um lado a possibilidade de ir para o governo e deixar a direita longe do poder, mas por outro lado a iminência de perder o eleitorado que tem feito o partido crescer ao longo destes 13 anos, uma vez que governar é também tomar decisões difíceis e impopulares...

No passado sábado, o coordenador do Bloco lançou os dados: "um governo de coligação de esquerda, sim. Mas com José Sócrates, não!"

Com Sócrates ou sem Sócrates, Louçã sabe muito bem que não é esse o problema. É que no final de um governo de coligação, quem sofre o maior golpe são sempre os partidos mais pequenos...

1 comentário:

  1. Tocaste no âmago da questão. Será que vão ser do contra e anti-poder poder para sempre ou vão finamente ganhar um pouco de juízo e responsabilidade e fazer um uso útil dos votos que alguém lhes deu?

    Os do BE podiam ser úteis ao país? Poder até podiam mas não voltavam a ganhar os votos do seu eleitorado do contra.

    Parabéns pelo teu post.

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